A sensação hoje em dia é de que o mundo gira cada vez mais rapidamente. Estamos em um momento da história de intensa e constante transformação, em que as mudanças acontecem a uma velocidade sem precedentes. Os ciclos de inovação estão cada vez mais curtos e os avanços tecnológicos nos impelem a repensar nosso relacionamento com as outras pessoas, as máquinas e também o meio ambiente.
Nesse processo, passamos também por um forte questionamento da relação entre empresa, funcionários, clientes e demais stakeholders, assim como o impacto dos nossos produtos e serviços. E tão importante quanto os resultados econômicos que nossas empresas geram é a forma como eles são alcançados e os impactos que eles provocam sobre as pessoas e a
sociedade.
Além da velocidade e da integração das coisas, o cenário atual de incertezas e problemas morais e éticos nos impõe desafios para manter o equilíbrio justo para todos os stakeholders. Aí está o papel fundamental das regras e das leis, pois, sem elas, tudo seria um caos. E não existe empresa sustentável em um ambiente conturbado e desequilibrado.
As empresas podem estar alocadas em setor de regulamentação mais estrita ou mais branda. Entretanto, todas estão sujeitas às leis para garantir o ambiente empresarial, da sociedade e da sustentabilidade. Essa transparência garante maior credibilidade, processos mais eficientes, maior segurança jurídica e contribui para a imagem e reputação da empresa.
Aí entra a necessidade de uma política eficiente de Compliance nas empresas. Mais do que apenas seguir a regras por medo de sanções, o Compliance precisa estar enraizado na cultura corporativa. Os stakeholders precisam confiar e ver na empresa a Conformidade em relação às regras formais e Integridade em relação às regras morais.
As políticas de Compliance atendem às funções legais às quais as empresas estão sujeitas, mas, se não forem elementos culturais na vida dos empregados, dificilmente funcionarão. E o principal fator de mobilização é quando lideramos pelo nosso exemplo. Precisamos fazer o certo porque é certo – não apenas porque estamos sob a exigência da lei.
Nós, dirigentes, empresários e empresas, por dever moral e político, precisamos exercer uma liderança inspiradora na sociedade. Inspirar é engajar as pessoas para fazer juntos, é fazer parte da construção de soluções para os desafios sociais. O primeiro passo é responder pelas próprias ações e decisões, tomadas no âmbito da empresa, mas pesando suas
consequências para toda a sociedade.
No mundo atual, em que se vê os princípios da sustentabilidade e da transparência como valores inegociáveis, é primordial estarmos atentos à ação ética e aos preceitos morais. E, como já dizia o filósofo Auguste Comte, “a moral consiste em fazer prevalecer os instintos simpáticos sobre os impulsos egoístas”. Isso tem tudo a ver com Compliance.
C. Belini | Presidente da Cemig e membro do Conselho de Administração da JBS S.A.